Aula 04/04/16 – As Virtudes Humanas
AS VIRTUDES HUMANAS
04/Abril/2016
O que é a virtude -: a virtude é “uma disposição habitual e firme para fazer o bem”. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si. Com todas as suas forças materiais e espirituais, a pessoa virtuosa tende ao bem, e escolhe-o na sua vida. A respeito das virtudes, São Paulo Apóstolo escreve o seguinte: “Ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, tudo o que há de louvável, honroso, virtuoso ou de qualquer modo mereça louvor” (Fl 4, 8).
Como sabemos, as virtudes podem ser repartidas entre aquelas que dizem respeito à vida material, e por isso são chamadas “virtudes humanas”, e aquelas que se referem à vida espiritual, chamadas “virtudes teologais”. Nesta sessão, iremos nos ocupar das virtudes humanas.
As virtudes humanas -: são atitudes firmes, estáveis e habituais da razão e da vontade, que regulam os nossos atos. Elas ordenam as paixões e guiam as pessoas segundo a razão e a fé. Portanto, as virtudes humanas permitem domínio e alegria para se levar uma vida moralmente cristã. Pessoa virtuosa é aquela que livremente pratica o bem.
As virtudes humanas são adquiridas durante a nossa vida. São as sementes e os frutos de atos moralmente bons, que levam o ser humano a comungar do amor divino. Existem quatro virtudes humanas que exercem um papel primordial, importantíssimo na vida, e são chamadas “virtudes humanas cardeais”, e todas as outras virtudes humanas se agrupam em torno delas. São elas a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.
A prudência -: é a virtude moral que dispõe o homem a compreender, em qualquer circunstância, o verdadeiro bem e a escolher os meios adequados para realizá-lo. “Levai uma vida de autodomínio e de sobriedade, dedicada à oração” (1Pd 4, 7). A prudência é a regra acertada da ação, diz São Tomás de Aquino. Não se confunde com timidez ou incerteza, nem com duplicidade ou dissimulação. É a prudência que guia o juízo da consciência moral. A pessoa prudente decide e ordena sua conduta de vida segundo este juízo. Graças a esta virtude, aplicamos sem erro os princípios morais aos casos particulares e superamos as dúvidas sobre o bem a praticar e o mal a evitar.
A prudência, enfim, auxilia a pessoa a não cair em enganos, grandes ou pequenos, praticando atos afoitos e sem a devida reflexão sobre suas consequências. A prudência é paciente e cuidadosa.
A justiça -: é a virtude moral que consiste na ação constante e firme de dar a Deus e ao próximo aquilo que lhes é devido. A justiça para com Deus chama-se “virtude da religião”. Para com os homens, a justiça dispõe a respeitar os direitos de cada um e a estabelecer, nas relações humanas, a harmonia em prol das pessoas e do bem comum. O homem justo, muitas vezes mencionado na Escritura, distingue-se pela correção habitual de seus pensamentos e pela retidão de sua conduta para com o próximo. O livro do Levítico já dizia “Não favoreças o pobre, nem prestigies o poderoso. Julga o próximo segundo a justiça” (Lv 19, 15).
São Paulo Apóstolo aconselhou o cristão escrevendo: “Senhores, dai aos vossos servos o justo e equitável, sabendo que vós tendes um Senhor no céu” (Cl 4, 1). É necessário que nos lembremos de que o nosso direito termina onde começa o direito do próximo, seja ele rico ou pobre bom ou mau.
A fortaleza -: é a virtude moral que dá segurança nas dificuldades e firmeza e constância na procura do bem. Ela firma a vontade de resistir às tentações e superar os obstáculos da vida. A virtude da fortaleza torna capaz de vencer o medo, inclusive da morte, e de suportar as provações e as perseguições. Como em muitas passagens da história humana, a fortaleza dispõe a pessoa a aceitar até mesmo a renúncia e o sacrifício da própria vida, para defender uma causa justa. Lembremo-nos da fortaleza que permitiu aos cristãos primitivos enfrentar a morte nas arenas de leões, apenas por não quererem renunciar à sua fé. “No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo” (Jo 16, 33).
A temperança -: é a virtude moral que modera a atração pelos prazeres mundanos e procura o equilíbrio no dia a dia da vida. Aliás, a palavra que melhor combina com a temperança é equilíbrio. A temperança assegura o domínio da vontade sobre os instintos, e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade. A pessoa temperante orienta para o bem seus desejos sensíveis de qualquer natureza, cultiva a discrição e “não se deixa levar a seguir as paixões do coração” (Eclo 5, 2). No Novo Testamento, a temperança é muitas vezes chamada de “moderação” ou “sobriedade”. A temperança, sobretudo, nos permite viver bem.
Viver bem não é outra coisa senão amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e em toda a forma de agir. Dedicar a Deus um amor integral (pela temperança) que nenhum infortúnio poderá abalar (pela fortaleza), que obedece exclusivamente a Ele (e nisto consiste a justiça) e que procura discernir todas as coisas à procura do bem ( e isto é a prudência).
As virtudes e a Graça -: as virtudes humanas adquiridas pela educação, pela vontade e pela perseverança são purificadas e elevadas pela Graça de Deus. Com esse auxílio, essas virtudes modelam o caráter e facilitam a prática do bem.
Não é fácil ao ser humano ferido pelo pecado manter o equilíbrio moral. A salvação que Jesus Cristo nos concedeu facilita a obtenção da Graça necessária para perseverar na conquista das virtudes. Cada pessoa deve sempre pedir esta Graça, recorrer aos Sacramentos, cooperar com o Espírito Santo e seguir seus conselhos de amar o bem e evitar o mal.