Aula 03/2010 – A SAGRADA ESCRITURA


03- A SAGRADA ESCRITURA

(Itens 101 a 133 do Catecismo da Igreja Católica)

Cristo, Palavra única da Sagrada Escritura -: Somente poderemos entender a Revelação de Deus através de palavras humanas. Assim sendo, Deus procurou revelar-se aos homens por meio dos ensinamentos a nós transmitidos por seu Filho Jesus Cristo, e que estão contidos na Sagrada Escritura (Bíblia). Os livros da Bíblia começam, de maneira simbólica, no momento da Criação e terminam com o Apocalipse de São João.
Na Bíblia está contida a Revelação de Deus a nós, homens, principalmente na Palavra de Jesus Cristo através dos Evangelhos.

Inspiração e verdade da Sagrada Escritura -: A Igreja ensina que Deus mesmo é o autor da Sagrada Escritura: “As coisas divinamente reveladas, que estão escritas e se manifestam na Sagrada Escritura, foram dadas a conhecer sob inspiração do divino Espírito Santo. A Igreja tem como sagrados os livros completos do Antigo e do Novo Testamentos, porque eles tem Deus como autor” (Dei Verbum 11).
Assim, Deus inspirou, através do Espírito Santo, alguns homens dos quais se serviu para que eles escrevessem tudo aquilo que era necessário ser por nós conhecido. Mas é preciso cuidado: a fé cristã católica não é uma “religião do Livro” e sim a “religião da Palavra de Deus”, do Verbo (Jesus) encarnado e vivo. Para que as Escrituras não permaneçam “letra morta”, é preciso que saibamos vivê-las na prática.

O Espírito Santo, intérprete das Escrituras -: a Bíblia foi sendo escrita através de milênios, como já foi dito, por homens inspirados pelo Espírito Santo. Por isso, não se deve tomá-la ao pé da letra. Há que se levar em conta as condições de época e cultura dos diferentes escritos, os modos de sentir, falar e narrar dos escritores sagrados, sob pena de se cometer interpretações enganosas, como acontece em muitas “igrejas” ditas cristãs que existem por aí. Por isso, a Igreja ensina que “a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada no mesmo Espírito Santo em que foi escrita”.
O Concílio Vaticano II ensina 3 critérios para ler a Bíblia segundo o Espírito Santo:
1- Prestar muita atenção ao conteúdo e à unidade da Escritura inteira: pois, por mais diferentes que pareçam, os livros da Bíblia são uma só unidade e uma só Palavra, da qual Jesus Cristo é o centro;
2- Ler a Escritura dentro da Tradição da Igreja -: a Sagrada Escritura está escrita mais no coração e nas práticas da Igreja (a sua Tradição) do que na simples letra;
3- Estar atento à “analogia da fé” -: por “analogia da fé” entende-se a ligação entre si de todos os ensinamentos contidos na Bíblia. Por isso mesmo, é perigoso “pescar” trechos isolados da Sagrada Escritura e interpretá-los como sendo única verdade.

O Cânon das Escrituras -: através da Tradição, a Igreja indicou quais os escritos que devem ser considerados inspirados pelo Espírito Santo e quais os que não devem, pois há muito mais escritos por aí do que aqueles contidos na Bíblia e, por incrível que pareça, muitos católicos acreditam que são verdadeiros (por exemplo, “evangelhos” de Judas, de Tomé, de Pedro, etc.). Por isso, a Igreja ensina que a verdadeira Palavra de Deus está contida nos 46 livros do Antigo Testamento e nos 27 livros do Novo Testamento. Pode-se saber quais são esses 73 livros consultando-se uma Bíblia católica (Atenção: as Bíblias protestantes, embora não sejam em nada diferentes no seu conteúdo, não contém a totalidade dos 46 livros do Antigo Testamento! ).

Antigo e Novo Testamentos -: como a Antiga Aliança de Deus com os homens nunca foi revogada, a Igreja considera o Antigo Testamento como parte verdadeira da Revelação. Jesus Cristo viveu sob os ensinamentos nele contidos e nunca disse que seriam abolidos, mas apenas aperfeiçoados. Já o Novo Testamento contém, principalmente nos Evangelhos, toda a Revelação de Deus, aperfeiçoada por Cristo e dada a nós homens para ser vivida.

A Sagrada Escritura na vida da Igreja -: a Palavra de Deus e a sua Revelação integral em Jesus Cristo constitui a maior sustentação da Igreja e a grande fonte de vida e de esperança para todos os cristãos. A Bíblia é a alma da teologia (o estudo da Revelação de Deus) e deve ser estudada por todos os cristãos. Como dizia São Jerônimo, “ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo”.


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