Aula 01/2011 – O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA E DA RECONCILIAÇÃO
01- O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA E DA RECONCILIAÇÃO
(Itens 1422 a 1479 do Catecismo da Igreja Católica)
Por que? –: “Aqueles que se aproximam deste Sacramento obtém da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja que feriram pecando, e a qual colabora para sua conversão com caridade, exemplo e orações” (Lumen Gentium 11). Este é o motivo pelo qual o Sacramento da Penitência (ou Confissão) foi instituído por Jesus, que conhecia muito bem as nossas falhas.
Como se chama este Sacramento? –: chama-se sacramento da conversão porque realiza o convite de Jesus à conversão de coração, o caminho de volta a Deus Pai, do qual a pessoa se afastou pelo pecado. Chama-se também sacramento da penitência porque consagra um esforço pessoal de conversão, de arrependimento e de satisfação do mal cometido pelo pecador. Chama-se ainda sacramento da confissão porque a declaração dos pecados diante de um sacerdote é um elemento essencial deste sacramento. É preciso que o pecador demonstre seu arrependimento e sua humildade diante de Deus e da Igreja. Também é chamado de sacramento do perdão porque, pela absolvição concedida pelo sacerdote, Deus concede o perdão e a paz. Finalmente, é chamado sacramento da reconciliação porque devolve ao pecador a amizade e o amor de Deus.
Por que um Sacramento de Reconciliação? -: após o Batismo, que nos torna cristãos e nos dá a Graça de Deus, não deveria haver necessidade de reconciliação com Deus. No entanto, somos todos pecadores e pecamos muitas vezes pela vida afora. São João Evangelista já dizia: “Se dissermos: não tenho pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (1Jo 1, 8). E o próprio Senhor Jesus nos ensinou a rezar: “Perdoai os nossos pecados”.
A conversão dos batizados -: o apelo de Cristo à conversão continua a soar na vida dos cristãos. Esta “segunda conversão” é um trabalho diário, ininterrupto por toda a vida, pois a nossa conversão só estará completa quando chegarmos diante do Pai. Lembremo-nos da conversão de São Pedro após a tríplice negação de Jesus. O olhar de infinita misericórdia de Jesus provoca lágrimas de arrependimento e, após a Ressurreição do Senhor, Pedro por três vezes confirma o seu amor por Ele.
A penitência interior -: o pedido de Jesus à conversão visa, em primeiro lugar, a conversão interior, do coração. Sem ela, de nada vale tudo aquilo que façamos exteriormente. A conversão interior é, antes de tudo, uma obra da graça de Deus, que reconduz nossos corações a Ele. Mas é também fruto do nosso esforço consciente durante toda a vida. São Clemente mostrou muito bem o valor da penitência interior, quando disse: “Fixemos nossos olhos no sangue de Cristo para compreender como é precioso a seu Pai porque, derramado pela nossa salvação, deu ao mundo inteiro a graça do arrependimento”.
As formas de penitência na vida cristã -: as Escrituras insistem em três formas de penitência interior: o jejum, a oração e a esmola. Estas formas exprimem a conversão em relação a si mesmo (jejum), a Deus (oração) e aos outros, à Igreja (esmola). Além disso, existem várias outras formas de penitência, como a Eucaristia, a leitura e a meditação diária da Bíblia Sagrada, a frequência à missa, as obras de caridade, etc. Mas tudo isso só terá valor se realizado de coração sincero.
A essência do Sacramento da Penitência -: este Sacramento traz consigo o perdão de Deus (só Deus perdoa os pecados!) e a reconciliação com a Igreja. Durante sua vida pública, Jesus perdoava os pecados, e deixou bem clara a sua intenção de conferir aos apóstolos esse poder divino em Seu Nome, dando-lhes a autoridade de reconciliar os pecadores com a sua Igreja (Mt 16, 19). Essa autoridade foi repassada aos demais sacerdotes da Igreja, pois não teria sentido ficar confinada só aos apóstolos. Se isso acontecesse, todos os que nasceram depois da morte dos apóstolos não teriam como ser perdoados, e não haveria Igreja de Cristo. A frase “eu me confesso com Deus” que se ouve frequentemente não tem nenhum valor, pois não possui fundamento evangélico.
Os atos do penitente -: entre os atos do penitente, a contrição vem em primeiro lugar. É o arrependimento e a dor da alma em vista do pecado cometido. Em seguida, temos a confissão dos pecados. A confissão nos liberta da culpa e nos facilita a reconciliação com os outros. Basta lembrarmo-nos do alívio da alma quando confessamos nossos pecados ao sacerdote, principalmente quando se trata de pecados graves. Outro ato que muitos esquecem ou não dão importância é a satisfação (ou reparação) do mal cometido quando o pecado atinge a outros. Ela é extremamente necessária, sob pena de nada valer a confissão.
Os efeitos deste Sacramento -: o efeito principal é a reconciliação com Deus. Restitui a nossa dignidade de pessoa humana e de filho de Deus. Em seguida, vem a reconciliação com os outros, ou seja, com a Igreja. Isso restitui-nos a comunhão fraterna.