Aula 01/06/20 – Como Nasceu a Bíblia


ESCOLA VIVENCIAL DO GED DE PIRACICABA – 2020

                                         COMO NASCEU A BÍBLIA

                                                      01/Junho/2020

O começo de tudo -: o processo de formação da Bíblia começou pela época de 1.300 anos antes de Cristo, mais de 3.300 anos atrás, na terra então chamada de Canaã (que hoje é Israel e terras vizinhas). Nessa época, uma parte do povo vivia nas planícies, em torno de pequenas vilas e estava submetido a governantes locais cananeus e ao faraó do Egito, dependendo da região. Entretanto, havia também gente habitando na região montanhosa (Hebron, Betel e Siquém) e no deserto ao sul, região chamada Bersabéia. Formavam pequenas aldeias, fora do domínio das cidades grandes fortificadas. Em cada uma delas, venerava-se a memória do seu fundador: em Hebron, venerava-se Abraão e Sara; em Bersabéia, Isaac e Rebeca; em Betel, venerava-se a memória de Jacó. O povo judeu nasceu a partir dessas pequenas aldeias, com suas memórias e venerações. No que tange à religião, todos eram obrigados a professar a religião oficial dos governantes, que se consideravam filhos dos “deuses” e pouco ligavam para o povo humilde.

Guerras e mais guerras -: a partir de 1.200 a.C., devido às guerras intermináveis entre os povos das vizinhanças, os povos marginalizados da região e os escravizados no Egito fugiram para as pequenas vilas, longe dessas guerras e da opressão dos poderosos. Começaram então a formar-se as tribos de Israel: a partir de Betel e de Siquem, formaram-se as tribos de Benjamin, Efraim e Manassés; de Hebron origina-se a tribo de Judá. Nesse processo, alguma dessas tribos (não se sabe qual) transmitiu às demais o culto a Javé, que é cultuado como um Deus guerreiro (daí o nome de “Senhor dos Exércitos”, tão comum no A.T.). Mas as tribos travavam apenas guerras defensivas contra saqueadores. As tribos viviam sem reis e eram formadas por famílias nas quais predominavam a solidariedade e a justiça. Defendendo seu modo de vida, as tribos (que com o passar do tempo seriam 12) colocavam suas batalhas contra cananeus e egípcios sob a proteção de Javé. Mas Javé era também o Deus protetor dos antepassados venerados pelas tribos, o Pai dos humildes e oprimidos. Assim se formou o conceito monoteísta, que acabou por livrar o povo de deuses pagãos.

Iniciou-se a formação da Bíblia -: são as histórias contadas por esse povo humilde que constituem as tradições mais antigas, que darão origem à Bíblia. Elas formam a base do Gênesis e grande parte do Êxodo. As tribos organizaram-se em torno do uso compartilhado da terra e do poder exercido em conjunto, tentando impedir a concentração de poder e de terras. Tal consenso entre as tribos eram, eles acreditavam, vontade de Javé. Por cerca de 200 anos (entre 1.250 e 1.050 a.C.) Israel será um conjunto de tribos autônomas, que evitam a concentração do poder. Nessa época, formam-se os livros dos Juízes e do início de I Samuel. Mas ainda não havia nada escrito.

A Monarquia -: entre 1.050 e 950 a.C., acontece a introdução do ferro e dos bois na agricultura, o que propicia o aumento da produção das tribos. Isso, somado aos ataques de inimigos externos, vai levar algumas aldeias tribais a transformarem-se em núcleos urbanos maiores, surgindo então uma elite que concentrou o poder econômico, político e militar em suas mãos. Instituiu-se a monarquia. Formou-se então um pequeno grupo muito rico e o povo humilde torna-se pobre, oprimido mais uma vez. Essa transformação começou com o rei Saul e consolidou-se com Davi e Salomão. Javé foi então “apropriado” pela monarquia e se transforma em patrocinador do rei e do exército. Salomão constrói o primeiro Templo. Temos duas vertentes religiosas: o culto a Javé das tribos, baseado na solidariedade e na vida digna, e o culto a Javé oficial, baseado na vontade da monarquia.

Reformas e desastres -: cerca de 600 a.C. aconteceu um movimento para unir as tribos do sul e do norte de Canaã sob o comando dos reis descendentes de Davi, instalados na tribo de Judá, ao sul. Destruíram-se santuários pagãos, aboliram-se imagens, proibiram-se todos os cultos que não o de Javé. E Javé só podia ser adorado em Jerusalém, capital de Judá. O maior regente desse movimento foi o rei Josias. Organizou-se também a redação escrita da história de Israel, encontrada nos livros do Deuteronômio, Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis. Mas, em 609 a.C., Josias foi morto pelo faraó do Egito e em 589 a.C. Jerusalém foi arrasada pelos babilônicos. A classe dominante foi escravizada na Babilônia, restando em Israel somente os pobres. Surgiu então a voz dos profetas, conservada em escrita pelos camponeses. Encontramos então os livros de Isaías, Amós, Oséias, Miquéias, Jeremias, Sofonias e outros.

E no exílio? -: para a classe dominante exilada na Babilônia, ficou difícil manter a fé em Javé. Buscando forças nas Escrituras e nas tradições, reviveram então anseios libertadores, que haviam sido esquecidos. Parte desse processo está no livro profético de Ezequiel. Por volta de 515-400 a.C., o rei Ciro da Pérsia derrotou os babilônios e libertou os judeus, que retornaram a Israel. Isso está narrado nos livros de Neemias e Esdras. Houve então um conflito entre os que voltavam e os que haviam permanecido em Israel. Os exilados venceram, construíram um novo Templo e só pertencerá ao Povo de Deus quem for circuncidado e comprovar ser judeu. O sábado foi santificado. Nesse processo, receberão a forma atual os livros do Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).

Outra reforma -: a linha da teologia camponesa, entretanto, persistiu e seguiu viva nos livros de Jó, Rute, Jonas e no Cântico dos Cânticos. Em 333 a.C., Alexandre derrota os persas e Israel passa ao domínio grego. Acontece então a revolta dos Macabeus (200-142 a.C.). Pouco mais tarde, os livros de Daniel, os Salmos e os livros sapienciais (Provérbios, Lamentações, Eclesiastes, Ester) aparecem e serão considerados sagrados.

Tradução para o grego -: por volta de 280 a.C., a Bíblia foi traduzida para o grego (Bíblia dos 70). Foram então incluídos novos livros, sete dos quais fazem parte da Vulgata, a Bíblia católica oficial (Judite, Tobias, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc). Estes livros não fazem parte da Bíblia hebraica nem da protestante.

O Novo Testamento -: após a vinda de Jesus Cristo, o cristianismo adotou os escritos dos 4 Evangelhos, os Atos dos Apóstolos, as Epístolas e o Apocalipse de São João como livros sagrados (são 27) e os acrescentou aos livros do A.T., completando assim a Bíblia sagrada, com 73 livros.


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